7 pinos na perna e um romance depois…

Um belo dia chegamos no clube do exército para aproveitar mais um dia de sol em Belém do Pará… redundância, todos os dias são de sol em Belém do pará! Eu não havia pensado em jogar futebol aquele dia, mas como um bom fominha que eu era, carregava o tênis sempre no porta malas.

Olhei para o campo, ninguém conhecido. Assim mesmo, a fome de bola era tanta que pedi para jogar. Logo deixaram-me entrar. Recebi a bola de costas para o gol e girei para ficar de frente para a meta… só que a minha perna direita, que só serve mesmo para subir no ônibus, não acompanhou o giro… meu pé direito ficou preso em um buraco do campo e ouvi um estalo alto e seco: CRECK!

Minha próxima lembrança é a da minha esposa dirigindo para o hospital e eu sentindo cada quebra-molas, cada buraco na rua (e eram muitos), enquanto meu pé estava literalmente pendurado e mole, descendo abaixo do tornozelo. Cenas fortes!

Poupando os detalhes, o diagnóstico foi de três meses sem por o pé no chão, após uma longa e complicada cirurgia. Três meses em casa sem fazer nada! Uma placa enorme com sete pinos me lembrava sempre do acidente e de que a realidade era essa mesmo, infelizmente. Decidi que tinha que fazer algo desse tempo.

Um dia eu sentei ao computador e pensei: será que eu consigo escrever um livro? Eu já havia escrito muitas coisas pequenas como poesias e pequenos textos, mas um livro parecia algo inatingível. No entanto, o que de pior poderia acontecer?

Nas próximas três semanas eu iria escrever em média 10 horas por dia… simples assim. Escrevia até doer as costas e não conseguir digitar mais. Entre pesquisa, escrita e revisão finalizei o livro em pouco mais de 15 dias!!! Era o começo, meio e fim, sem nenhuma conexão entre eles. Porém, usei o restante dos dias da minha licença médica para revisar e pedir opiniões e Preencher as lacunas. Após terminado, mandei para uma editora para apreciação.

Sete pinos e um rascunho depois, o livro foi aprovado e as correções vieram em forma de pontuação, na sua maioria. Fiquei impressionado com o fato de que nenhuma palavra foi retirada ou trocada ou assim sugerida. Shekinah – Sopro da Crença, foi uma experiência libertadora e gratificante, que pretendo descrever aqui até a publicação do meu segundo romance.

O motivo por trás desse blog é que preciso dizer que não há razão para ter receio… escrever é terapêutico, dá vazão as ideias e mensagens que se quer passar e mais do que tudo, é a arte de fazer as pessoas pensarem; refletirem, ajudarem o autor a criar um mundo novo… é a arte mais participativa, como diria a autora canadense Margaret Atwood. Escreva, se essa é a sua vontade. Não tenha medo de se expressar. É muito bom quando se pode ver um produto de um grande esforço, materializado; finalizado. O que outras pessoas acham do seu livro você nunca vai ter controle… o que você acha do seu livro e o que ele representa para você, sim.

Fique ligado… 😉

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Luciano Gouvea

Autor de Shekinah e Coração Tuaregue

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