Há momentos que a criação parte de um real impulso, sem quase ou nenhum esforço.
Ter uma ideia é algo mágico! Talvez, a parte mais prazerosa da escrita.
Também é ótimo escrever as primeiras linhas, enquanto sonhamos com o sucesso, seja lá o que essa palavra significa para cada um de nós.
O pós-ideia, no entanto, é quando se descobre que escrever é muito mais que talento. É trabalho duro! Horas e horas de pesquisa, edição, diagramação, entrevista, ficha de personagem, feedback positivo, negativo e etc. Isso caso queiramos escrever bem.
Com o tempo, e não muito tempo, percebe-se o quanto de cuidado o autor teve com o texto. Linguagem rica, mudança de ponto de vista, focalizações, monólogos, técnicas para revelar um pouco mais do personagem, camadas mais profundas no texto. Tudo isso é proposital e quase nunca tem a ver com talento, é puro suor!
Por vezes, aquela ideia que no papel parecia tão genial, transformadora ou inovadora, de repente não é mais tão boa. Aquela coisa que ia mudar o mundo, aquele livro que venderia mais que Harry Potter e a Bíblia juntos, simplesmente some em meio ao trabalho que dá de ordena-la, torná-la clara e compreensível ao leitor.
Usei neste post uma foto do inverno, pois o inverno aqui no Canadá é bem trabalhoso. Limpar a neve, raspar o gelo do carro, camadas e mais camadas de roupas, tudo leva mais tempo e o o mundo parece caminhar mais devagar.
Assim é a escrita após a ideia. Dá trabalho, muitas vezes é fria e você passa horas “tirando a neve” só para a história poder passar. Editar, por exemplo, é tão necessário quanto tirar neve no inverno. Faz-se, quantas vezes for preciso. A boa notícia é que com a atitude correta você aprende a gostar do processo, que invariavelmente evita ou diminui a possibilidade das quedas. Pois como Stephen King no seu livro “On Writing”:
– Escrever é humano, editar é divino”
*(E limpar neve é para quem tem as costas saudáveis. Faça Pilates!).