Qual o seu borogodó?

Borogodó, segundo o dicionário, significa “atrativo pessoal irresistível. É uma expressão antiga, que denota que, mesmo que uma pessoa não seja super bonita ou em forma ou algo do tipo, existe nele(a) um magnetismo, uma atração inexplicável, pelo simples fato de que ela(e) tem borogodó.

Peço licença ao colega dicionário para estender a expressão e refletir um pouco sobre o borogodó de cada um de nós. Sim, cada um de nós tem algo em particular, algum detalhe oculto ou não; alguma força que emana no momento em que estamos fazendo aquilo para o qual fomos feitos. A nossa missão na terra, a nossa contribuição ao outro. Algo que se revela no dom pessoal, na satisfação de fazer algo e não sentir a frieza brutal do tempo passando, apenas por passar…

Quando achamos essa força misteriosa e essencial, a vida passa então a ter um novo sentido.

O nosso borogodó é aquilo que nos faz querer mais e melhor. Que nos mostra o que temos de especial; não em comparação com ninguém, mas na reflexão que fazemos sobre nós mesmos e sobre o que somos e para que vivemos. 

O borogodó do fotógrafo está no seu olhar. Um olhar de câmera, procurando um ângulo, quase que abstendo-se da emoção do momento. Captura a imagem e congela o instante para que outros possam revivê-lo.

O borogodó do poeta é a dança que faz com as palavras. Envolvendo-as nas emoções, nas rimas, nas combinações impossíveis enquanto inova. Traz de volta e faz surgir os sentimentos mais puros e avassaladores.

O borogodó do pintor são seus traços na tela; enquanto que o escultor se prende aos golpes precisos; que moldam seu sonho. 

Nem só de arte vive o homem, aliás, a arte como fim também não vale; pois o fim último da homem é entender o quanto somos um. Portanto, a arte é um meio, um meio incrível, de se chegar ao outro e de se expressar para que o outro se expresse. O fim último é o outro, ou pelo menos deveria ser. O artista de verdade, captura o sonho coletivo e materializa em forma de arte. 

Cada área que existe precisa de gente para existir. Precisa de gente para movimentar a engrenagem complexa que move o mundo. E cada um pode encontrar, em qualquer que seja a labuta, o seu borogodó. Imagine se cada um de nós pudesse fazer aquilo que faria de graça. Aquilo que se gosta tanto… que se sente tão bem fazendo… aquele algo que, se de uma hora para outra o dinheiro não fosse mais necessário, era a primeira coisa que pensaria em fazer. A velha pergunta sobre o que quer fazer da vida é infelizmente borrada pelo questão de o quanto de dinheiro se vai ganhar.

Talvez seja por isso que hoje em dia tem tanta gente trocando de profissão, desistindo de carreiras de prestígio e dinheiro para fazer algo novo e começar assim do zero. A busca da felicidade é a busca pelo seu borogodó. A busca pelo que nós podemos fazer melhor e que nos faz perder a noção do tempo; e em primeira instância, que serve de meio para nos aproximarmos do outro.

Essas pessoas, que acharam seu borogodó, não só tem um atrativo diferente mas também são felizes e resolvidas e é bom ficar ao lado delas. Elas fazem bem ao todo! Não são prisioneiros do inevitável ciclo trabalho-dinheiro-bens materiais. Elas transcendem o mundano e tocam um sentido mais amplo que encerra a ligação maior que nos faz unidade. Destacam-se, pela clareza de suas ações. Pela certeza das suas decisões. Não vivem sem problemas, mas olham por cima deles com fé e esperança. Descobrir o seu borogodó é descobrir a vida na vida; não nos faz melhor que ninguém, mas definitivamente nos faz sermos melhores que antes e melhores para os outros. 

E você, já achou o seu borogodó?

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Luciano Gouvea

Autor de Shekinah e Coração Tuaregue

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